O excesso de atividades na infância é tão prejudicial quanto à falta.

O excesso de atividades na infância é tão prejudicial quanto à falta.

Vivemos em um século que a “correria” para alcançar o sucesso e perfeição no emprego, com a aparência perfeita e jovem, e a necessidade de mostrar filhos perfeitos ao mundo, está ultrapassando limites.

Vivemos em uma competição absurda e diária, mas para chegar a onde? E por quê?

Os adultos vivem no piloto automático, e estão incluindo e envolvem os filhos nas mesmas rotinas de correria e competição... Triste realidade!

Os adultos por vezes não dão conta das cargas diárias da vida, os filhos menos ainda, e ai as brigas, insultos, fadiga, vão tomando conta da vida, da família e dos dias... A carga vai ficando cada vez mais pesada, sufocando as crianças, criando barreiras que vão ficando cada vez mais difícil de tirar, manusear... Tudo isso afasta, repele, dificultando a boa convivência entre pais e filhos. 

Injetamos regras, obrigações e uma carreira e correria de adulto nas crianças... Sendo que na verdade precisam mesmo é passar pela infância aproveitando e experimentando o simples ato de brincar.

E muitas das vezes as crianças são privadas de brincar, pelo fato da competição, projetando teorias de sucessos e vida adulta que não cabem na fase da infância.
Os adultos projetam uma vida de sucesso, com o discurso de mais oportunidade para o futuro perante a concorrência, esquecendo de viver o presente, a simples infância dos filhos...

Brincar não é perda ou desperdício de tempo, é o ato mais importante e urgente da infância.

Não é de hoje que pesquisas e assuntos que abordam a desaceleração da rotina das crianças, vêm sendo publicado, comentado e divulgado.

Veja um exemplo no texto abaixo, retirado da Revista Pais & Filhos eletrônica. 

Uma pesquisa feita nos EUA pela revista Parents, em parceria com a empresa Synovate Inc., concluiu que metade das mães considerava a opção “ter um tempo de qualidade com os filhos” como principal prioridade. 
E mais de dois terços dos entrevistados concordaram que as crianças de hoje estão sobrecarregadas e que eles gostariam de incentivá-las a “parar por um momento e sentir o aroma de uma rosa”. Ou pra catar jabuticaba no pé, traduzindo para a realidade brasileira. 

“Brincar não é algo fútil. É a necessidade básica de uma criança”, diz um dos autores do artigo. Como dizia a educadora italiana Maria Montessori (1870-1952), brincar é o trabalho da criança. 


E agora que estamos no começo do ano, período de férias e de renovação de matrícula da escola, esportes e atividades extracurriculares, precisamos “pensar e analisar” se os filhos gostam mesmo dessas atividades, ou apenas fazem porque os pais matricularam “achando” que estaria fazendo o melhor.

Antes de matricular seus filhos em “aulas e atividades”, na tentativa de preencher o tempo deles, procure saber diretamente com as crianças, o que acham de cada oportunidade sugerida de atividades extras.

Veja o comentário feito pela escritora, pedagoga e psicóloga Elizabeth Monteiro, em seu livro, “A culpa é da mãe”.

É importante saber que as crianças são agitadas. Algumas mais, outras menos. Existem também as crianças mal-educadas.
Criança sem atividade fica mais agitada ainda. Essas crianças precisam brincar muito, criar seus brinquedos e brincadeiras e se sujar. Atividades artísticas são excelentes calmantes. Por outro lado, crianças com atividade demais também fica agitada.
Não lhe sobra tempo para ficar sozinha, curtir as suas coisinhas queridas... 
O excesso de atividades é tão prejudicial quanto à falta.

Os pais sempre agem pensando no melhor, em fazer e proporcionar o melhor aos filhos, porém nem sempre o melhor para os pais é o melhor para os filhos.

Cuidado para não “sonhar ou se iludir” sobre a vida da criança.
Sonhar e colocar expectativas pessoais na vida dos filhos é péssimo e pode ser frustrante.

O futuro é importante, mas o agora também é!

Vejo meu filho de 3 anos e meio interpretando cenas de filmes e desenhos.
Brincamos juntos repetindo falas vistas e ouvidas em seus filmes preferidos.
Percebo que ele decorou as falas enquanto brincamos juntos... Brincando meu filho aprende cores, nomes, formas, números, aprende a dialogar, a dividir seus brinquedos, a esperar a sua vez para falar.

Enfim, não vejo nada tão importante na vida de uma criança do que o brincar. 

O excesso de atividades na infância é tão prejudicial quanto à falta.
       
O que devo fazer então, se menos é mais quando se fala em excesso de atividades extracurriculares na infância?
Achar o "equilíbrio e ser coerente com a realidade do seu filho (a)", ou seja, deixar a criança escolher, propor opções segundo seus desejos e habilidades, gostos...

Tudo na vida tem a hora certa, acredite! Não precisa ter pressa.

Tenho incentivado e comentado sobre a possibilidade de fazer natação, mas a resposta é sempre negativa.
O Vitor está com um pouco de medo de piscina, eu já percebi isso, então não vou insistir agora.
E eu como mãe e educadora na área de Educação Física, sei que a melhor coisa é esperar, forçar só aumenta o medo e a insegurança.
Eu sei que na hora certa, ele mesmo vai pedir para fazer natação.

A vida de adulto é tão corrida, tão competitiva, cheia de cobranças, responsabilidades, então porque não deixar a criança ser criança?
Pense, reflita e deixe a vida mais leve para vocês e para os seus filhos.

Veja abaixo alguns links de pesquisas e assuntos que abordam a desaceleração da rotina das crianças, como havia comentado no início do post.

Beijos,
Até a próxima.
Ju
Mãe Sem Fronteiras.

Movimento prega a "desaceleração" da rotina das crianças.
Devagar e sempre.
O dia em que parei de mandar minha filha andar logo.
Competição dos pais. Pais competem entre si, para saber qual filho sabe mais coisas que o filho do outro. http://www.todacriancapodeaprender.org.br/infancia-nao-e-carreira-e-filho-nao-e-trofeu/

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