Se as praças estão vazias, porque não levá-las lá para dentro?


Mas levá-las para dentro de onde?
- De onde estão as crianças de 4 meses a 4 anos de idade, ué.
E onde elas estão?
- As crianças estão nas escolas, em sua grande maioria a partir dos 6 meses de idade, com algumas exceções chegam antes dos 6 meses de idade, geralmente quando a mãe precisa trabalhar e não tem um parentesco com quem deixar.

E as escolas, para se adaptarem as mudanças que vêem ocorrendo nessas últimas décadas, têm renovado seu perfil de trabalho, por exemplo:

- Abrem, a partir das 6 horas da manhã, para receberem as crianças, cujos pais trabalham tem um horário fixo de entrada e saída na empresa, que precisam cumprir. 
Não são todas as escolas que abrem esse horário, mas uma boa parte já está se adaptando à essas novas mudanças. (Um dos principais motivos da criança chegar tão cedo na escola é o caos do trânsito. Pais e filhos se sacrificam nessa jornada, porque muitas das vezes os pais trabalham em locais longe de suas residências, tendo um horário fixo para cumprir e o trânsito não está fácil).

- As escolas (algumas) estão preparadas para receber as crianças ainda de pijama, devido o horário de entrada “delas”, ser muito cedo.
Geralmente as crianças continuam dormindo e depois a professora troca a criança, colocando assim, o uniforme da escola, se usar fraldas troca também, da o leite, enfim, conforme o combinado entre escola e pais.

- Os horários de saída e fechamento da escola também mudaram para atender as necessidades dos pais. Pais que precisam trabalhar até mais tarde ou enfrentam novamente o mesmo caos no trânsito da volta para casa, precisam pegar seus filhos mais tarde do que o normal, também.

- Tem escolas (não sei dizer se todas ou algumas) que aceitam crianças mesmo tomando remédios, por não ter com quem deixar nos casos de doenças.

Eu poderia fazer uma lista das adaptações feitas pelas escolas para atender as necessidades “de pais” e desse cenário que vem mudando a cada dia.

Mas a pergunta é:

- E as necessidades das crianças de brincar?
- Elas têm brincado diariamente, por exemplo, aproveitando o sol da manhã ou do final da tarde?
- Têm brincado nos brinquedos como esses de praças e parques tipo: escorregador, balanças, gira-gira, gangorra?
- Têm brincado com areia, como de praia, para cavar, fazer montinhos, castelinhos?

Toda criança menor de 4 anos fica encantada com areia, gosta de cavar, fazer bonequinhos e bichinhos com moldes na areia, gosta de explorar e se sujar com a brincadeira. (Tem as exceções, mais a grande maioria gosta de areia).

- As crianças têm brincado e aproveitado as suas infâncias?

E voltando a pergunta do tema, porque não levá-las lá para dentro, estou querendo saber:

- Será que as escolas têm adaptado “os parques e praças” dentro delas também, para as crianças se divertirem mais, já que agora a sua carga horária lá dentro é maior?
Eu sei que esse é um assunto complicado, porque nem todas as escolas têm uma estrutura que comporta um espaço amplo, com areia e brinquedos de parques e praças, mas será que não está na hora de começar a pensar nessa adaptação também?

- Creches públicas, por ser da prefeitura e ter um terreno grande, têm exatamente esse espaço que estou falando e depois vem o outro extremo, escolas particulares de alto nível eu sei que tem esse espaço que estou comentando, de brinquedos de praças.
Não posso generalizar, mas a maioria das escolas tem os seus espaços, mas muitas das vezes restritos em brinquedos como os de "praças".

Então voltamos às perguntas:
-Será que as crianças têm aproveitado sua infância para brincar, com os brinquedos de parques e praças, ou apenas são aqueles amontoados de crianças enfiadas dentro de salas de aula, cumprindo regras, horários, etc?

- Ou você acha que porque seu filho (a) é pequeno, tipo maternal e mini maternal elas brincam mais que as outras?
Não se engane, existe “obviamente” um circuito, onde uma turma entra e a outra turma sai, e aquele tempo de brincar é cronometrado em alguns minutos e todo o resto dentro de salas, exercendo atividades diversas e elaboradas por professores e escola.
(Maternal e mini maternal são classificações de escolas para determinar e separar crianças por idade).

- Será que não estamos “injetando” precocemente nas crianças, nossas responsabilidades de adultos?

Regras, limites e horários existem e eu sou super a favor para o bem de todos e controle do universo.

Mas se as crianças menores de 4 anos têm pouca ou quase nada, noção de hora e tempo, então porque colocá-las tão cedo, na incessante corrida pela insatisfação do ser humano, pelas conquistas do sei-la o que?

E não me venha dar exemplo da disciplina e estudos de japonês, porque acredito que estamos “há anos luz” de chegar aos seus pés de ensino, educação e respeito deles.

Bom, na verdade essa guerra por começar bem cedo essa corrida de “ser o melhor em tudo”, vem bem antes da escola.
Posso fazer algumas citações, pulando outras, como:

- E ai, você namora? 
- Vai casar quando?
- E quando terá filhos, hein?
- Seu filho mama no peito ou você foi uma mãe cruel e deu leite em pó para ele?
- E ai mamãe, seu filho vai mamar no peito até o dia do casamento dele?
- Nossa, seu filho já tem 1 ao e 5 meses, super velho, e ainda usa fraldas? Não acredito (risos/gargalhadas)?

Cômico, mas real, você sabia?

Eu respeito todas as mulheres, mães e seus motivos reais em colocar seus filhos nas escolas bem cedo, muitas das vezes com 2 até 3 meses de idade.
Entendo que talvez o ensino e as escolas estejam na hora de uma boa reformulação de um modo geral.

Mas confesso. (Vai se acostumando com o meu: eu confesso). Risos
Que quando eu entro em salas de aula, com crianças tão pequenas, inocentes, mesmo que interagindo umas com as outras, brincando, me dá um aperto no coração.

E já que é essa a realidade atual, esse é o cenário que temos para hoje, então porque não investir no espaço do brincar também?

Fiquem calmos pais, seus filhos vão ser bilíngues, modelos, atletas, presidentes de multinacionais, enfim, mas que tal na hora certa?

A gente estuda tanto, para se dizer a verdade, a vida inteira.
Então porque não preservar esse tempo raro e precioso do brincar?

Pensem nisso escolas e pais, e vamos juntos construir um futuro de crianças felizes.
Talvez eu esteja sonhando alto demais, mas o que é o ser humano se não sonhar?

Até a próxima.

Mas antes, vejam algumas fotos do meu filho se divertindo e brincando no parque durante a semana, mesmo sem crianças.
(Ele sempre me pergunta cadê as crianças? E eu respondo: Estão na escola. Logo você também terá que ir para a escola. Ai ele responde que tudo bem, então.)
Em breve, compartilharei a minha experiência de ter colocado meu filho na escola e depois ter tirado.


Mãe Sem Fronteiras.










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