Rótulos são para embalagens e produtos, não para pessoas.

Hoje de manhã saímos para caminhar pelo bairro.

Meu filho gosta dessas caminhas, pois ele corre, pula, brinca de ser o Homem-Aranha, o Batman, e vários outros super-heróis...

Sempre ensinei meu filho a caminhar pela calçada, sem correr na rua e a tomar cuidado com os cachorros no portão. Também sempre oriento sobre as calçadas com buracos, pedras, elevação, degrau, etc.

Gosto de ensinar, e depois analisar se posso confiar ou não na criança... Analisar até que ponto eu posso ou não confiar.

Durante o nosso passeio de hoje, ele levou um tombo e ralou o joelho.

No meu ponto de vista é bem normal a criança cair, toda criança “ama” correr, e cair faz parte da infância.

A criança não tem muita noção de espaço e do tempo, por isso ela cai, escorrega, tropeça, pergunta muitas vezes se já está na hora disso ou daquilo...

Mas enfim, ajudei ao meu filho se levantar, falei calmamente que ele ralou os dois joelhos, deixei ele chorar um pouquinho e comecei a encher ele de beijos e a agradar ele. Com isso, ele foi se acalmando e eu falei que esse tombo era normal, porque ele estava correndo e tropeçou e o chão é muito áspero...

Então ele me perguntou se ele não deveria mais correr?

Eu respondi que sim, que ele pode correr, que cair é normal, que quando eu era criança eu caia muito... (Não lembro, mais devo ter caído muito...kkkk)

Ele abriu um sorriso tão feliz, e veio perguntando durante todo o passeio se eu caia muito quando era criança... (risos) 

Se a minha mãe cuidava de mim quando caia... (risos)

Meu filho se sentiu acolhido, compreendido e amado, mesmo com aquele tombo que não fazia parte do roteiro, mas aconteceu... Pois é acontece... Prefiro deixar ele ser criança e cair se for necessário, do que ficar segurando em seu braço a infância toda, para ele não cair e não ralar o joelho.

Criança não tem noção de espaço e quando resolve fazer algo, geralmente não presta atenção em seu trajeto, em seu espaço... E ai acidentes acontece, é normal... Demora um pouco para a criança começar a prestar mais atenção no caminho, nos espaços, nos objetos em volta...

Quando meu filho tropeçou, logo me veio à mente uma das primeiras palavras que ele veio dizendo do pouco período que ficou na escola no ano passado. Meu filho falou que a professora chamou ele de “desastrado”.

Automaticamente ele associou que toda vez que ele "cai ou tropeça" quando não vê os objetos, degraus no chão, é porque ele é um desastrado... E ficou falando essa palavra toda vez que caia.

Poxa vida, para que colocar rótulos em crianças?

Porque os adultos, os pais, professores, não pensam duas vezes antes de abrir a boca para rotular uma criança?

Se não tem alguma palavra construtiva para dizer a criança, é melhor ficar de boca fechada... Ensine a criança, explique como ela ou ele pode melhorar suas dificuldades diárias, mas sem rotular.

Chamá-los de desastrados, burros, preguiçosos, gordo, magro, atrapalhado, quatro-olhos, orelhudo, e por ai vai não é só colocar rótulos, é abrir espaço para o bullying.

A criança percebe que aquela palavra dita não é muito agradável e fica muito triste.

Pense nisso.

As crianças não precisam de rótulos, elas precisam ser ensinadas por adultos, quantas vezes forem necessárias, com a maior calma e paciência do mundo...

O meu filho, assim como a maioria das crianças, não presta muito a atenção em seu redor, por isso caem, se machucam... Isso é normal e natural da fase de criança.

Não julgue ou rotule precocemente uma criança... Deixe a criança ser criança, deixe a livre para brincar e ensine, oriente, com carinho e muita paciência, assim elas aprenderão a observar e a prestar mais atenção ao seu redor.

Sou totalmente contra xingar, brigar, mandar a criança ficar quieta, parada ou dizer que ela se machucou porque não fica quieta...

Não sou perfeita ou a melhor mãe do mundo, "mas aprendi" que devemos ensinar e estar preparados para ensinar quantas vezes for necessário, com muita "paciência e amor".

Também aprendi que criança com saúde é criança que não para mesmo. (risos)

A não ser que seja da própria personalidade da criança, ser calma e quieta... Fora isso, as crianças não param mesmo, porque têm muita energia, curiosidade, alegria de viver e de aprender.

Precisamos aprender a ter mais paciência com as crianças, só assim iremos "proporcionar e construir um futuro de pessoas mais felizes", capazes de aceitar o próximo do jeito que cada um é, sem julgar, sem rotular...